Observatório denuncia aumento da desinformação climática em toda a Europa

Lisboa, 04 nov 2022 (Lusa) – O aumento de fenómenos climáticos extremos e a crescida atenção dos meios de comunicação social têm provocado uma enorme onda de desinformação climática, revela o Observatório Europeu dos Meios de Comunicação (EDMO).
Furacões e secas artificiais e incêndios causados por helicópteros são algumas das afirmações falsas que circulam na internet.
Em junho, quando uma intensa onda de calor afetou Espanha e uma grande parte da Europa, o EDMO, projeto que apoia a comunidade independente que trabalha para combater a desinformação, "observou um aumento da desinformação sobre as alterações climáticas", disse Tommaso Canetta, coordenador de verificação, citado pela agência EFE.
Tommaso acrescentou que “quando muitos meios de comunicação social europeus falavam de ondas de calor durante o verão, havia muita desinformação a circular".
O coordenador de verificação do EDMO afirmou acreditar que os protestos de ativistas climáticos e o mês de outubro ter sido quente em muitos países da União Europeia, também possam ser motivos para o aumento da desinformação.
As alterações climáticas têm sido alvo de desinformação e teorias de conspiração durante anos, o que originou um grande ceticismo em relação às recomendações dos cientistas.
John Cook, investigador de desinformação climática na Universidade de Monash (Austrália), disse, citado pela agência EFE, que “uma parte crescente da desinformação nesta área centra-se no questionamento das soluções”, e isso "pode atacar as políticas climáticas, por exemplo, argumentando que elas irão aumentar os preços ou prejudicar a economia ".
O investigador alertou que a desinformação sobre as alterações climáticas apresenta perigos e consequências com um "forte caráter destrutivo” e, para combater a propagação de ideias falsas, apela à "construção de resistência pública à desinformação, para que seja possível explicar as técnicas utilizadas para enganar".
Quando as pessoas aprendem estes métodos, desenvolvem uma "imunidade cognitiva”, ficando menos suscetíveis a serem induzidas em erro pela desinformação.
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