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Polícia diz que Bolsonaro atuou para desinformar sobre sistema eleitoral

epa09645249 The president of Brazil, Jair Bolsonaro, participates in the ceremony of the Great Replacement of the Presidential Guard, at the Palacio do Planalto in the city of Brasilia, Brazil, 16 December 2021.  EPA/Joedson Alves

Brasília, 17 dez 2021 (Lusa) - A Polícia Federal brasileira indicou, num relatório enviado ao Supremo Tribunal, que o Presidente, Jair Bolsonaro, atuou de forma "direta e relevante" para gerar desinformação sobre o sistema eleitoral do país, noticiou na quinta-feira a imprensa local.

De acordo com a rede Globo, o relatório foi enviado ao Supremo em 13 de setembro último, no âmbito de um inquérito que investiga a difusão de 'fake news' por parte chefe de Estado contra as urnas eletrónicas, usadas nas eleições do país há mais de duas décadas.

"Nesse aspeto específico, este inquérito permitiu identificar a atuação direta e relevante do Exmo. Sr. Presidente da República Jair Messias Bolsonaro na promoção da ação de desinformação, aderindo a um padrão de atuação já empregado por integrantes de Governos de outros países", avaliou a delegada da PF Denisse Ribeiro, que lidera o inquérito, citada pelo Globo.

Em causa está uma transmissão de vídeo em direto nas suas redes sociais, em julho este ano, em que Bolsonaro fez acusações sem provas contra as urnas eletrónicas.

De acordo com a PF, o próprio processo de preparação da transmissão foi "enviesado", por reunir informações que apontassem para a vulnerabilidade ou supostas fraudes das urnas, ignorando os dados que atestavam o oposto.

"A 'live' presidencial foi realizada com o nítido propósito de desinformar e de levar parcelas da população a erro quanto à lisura do sistema de votação, questionando a correção dos atos dos agentes públicos envolvidos no processo eleitoral (preparação, organização, eleição, apuração e divulgação do resultado), ao mesmo tempo em que, ao promover a desinformação, alimenta teorias que promovem fortalecimento dos laços que unem seguidores de determinada ideologia dita conservadora", diz o texto.

Bolsonaro tem defendido amplamente o regresso do voto impresso ao país em substituição da atual urna eletrónica, que oferece resposta no mesmo dia e que é usado há mais de 20 anos no Brasil e que o chefe de Estado acusa, sem provas, de ser alvo de fraudes.

No relatório, a Polícia menciona que foi realizada uma reunião preliminar para preparar a transmissão em vídeo.

"Mesmo com a possibilidade de realização de processos formais de verificação da confiabilidade e veracidade dos dados utilizados, o que poderia ser feito inclusive por órgãos do governo, nada foi verificado", aponta o relatório da PF.

Ao longo deste ano, o Presidente brasileiro tem alegado, sem fornecer qualquer evidência, que as duas últimas eleições presidenciais foram fraudulentas, incluindo sua própria eleição, na qual alegou ter obtido mais votos do que a contagem final.

A pressão de Bolsonaro pelo voto impresso aumentou à medida que a sua popularidade caiu nas sondagens eleitorais, que classificam o ex-presidente Lula da Silva, o seu maior adversário, como favorito para 2022.

Em várias ocasiões, o atual mandatário ameaçou com a não realização do sufrágio presidencial em 2022 caso não seja adotado o voto impresso no Brasil.

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Lusa/Fim