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Sérvia alega que exercícios militares junto à fronteira com Kosovo são legais

Belgrado, 22 mar 2024 (Lusa) -- O ministério da Defesa sérvio acusou hoje o primeiro-ministro do Kosovo de provocar alarmismo ao denunciar manobras do Exército sérvio junto à fronteira que Belgrado descreve como "atividade militar normal" em coordenação com a missão da NATO (Kfor).


"Trata-se de mais uma desinformação e falsidade, ou mesmo uma mentira direta como já tem ocorrido anteriormente", lamentou o coronel Zoran Jovanovic, chefe da comissão responsável pelo designado Acordo técnico-militar que sistematiza este género de manobras "está incluída numa campanha muito mais vasta que apenas tem por objetivo exacerba a tensão, enganar a opinião pública, criar condições de vida insuportáveis" para os sérvios do Kosovo, "e impedir o cumprimento das obrigações internacionais".


Jovanovic, através de um comunicado publicado na página digital do ministério da Defesa, argumentou ainda serem as forças kosovares que não podem manobrar na zona, pelo facto de o acordo "não autorizar a presença da designada Polícia do Kosovo" na fronteira.


Desta forma, considerou que as afirmações de Albin Kurti, quando assegurou que as forças de segurança kosovares vigiavam de perto estes exercícios, "não possuem base legal e indicam um total desprezo pelos acordos alcançados".


Na passada quinta-feira Kurti denunciou nas redes sociais uma alegada presença de unidades do Exército da Sérvia a poucos metros da fronteira, que considerou um "pretexto para efetuar provocações deliberadas".


O Kosovo, uma província autónoma do sul da Sérvia, autoproclamou a independência em 2008, nunca reconhecida por Belgrado.


As tensões entre a Sérvia e o Kosovo permanecem muito elevadas 14 anos depois do final da guerra, após uma intervenção militar da NATO contra Belgrado em 1999, suscitando receios sobre o reacender do conflito e a abertura de uma nova frente de desestabilização na Europa enquanto prossegue a guerra na Ucrânia.


A normalização das relações entre a Sérvia e o Kosovo, mediadas pela UE, permanece num impasse, em particular após os confrontos em setembro passado entre uma milícia sérvia e a polícia kosovar que provocou quatro mortos e agravou as tensões na região.


Na sequência deste incidente, a Kfor, a força multinacional da NATO no Kosovo e presente no território desde 1999, reforçou a sua presença no terreno e possui atualmente cerca de 4.800 efetivos.


A UE e os Estados Unidos têm pressionado Belgrado e Pristina para a aplicação dos acordos que o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e Kurti terão aceitado em março passado.


A permanência das tensões arrisca a comprometer as ambições sobre uma futura adesão à UE.


O Kosovo independente -- que a Sérvia considera o berço da sua nacionalidade e religião -- foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.


A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.



PCR//APN


Lusa/Fim