UE deve ser “mais ambiciosa” na luta contra a desinformação- eurodeputada
Redação, 13 mai 2021 (Lusa) – É necessária uma maior transparência e facilidade de acesso aos dados e mecanismos utilizados nas plataformas digitais para combater a desinformação, defende a eurodeputada Sandra Kalniete.
Kalniete, que integra a Comissão Especial sobre a ingerência estrangeira nos processos democráticos da União Europeia, apresentou o terceiro documento de trabalho que será utilizado para elaborar uma resolução para o assunto e que será enviado ao plenário do Parlamento no final de 2021.
Os eurodeputados debateram no Parlamento Europeu e discutiram a transparência das plataformas digitais com representantes do Facebook, Twitter e YouTube.
"As plataformas não conseguiram esta autorregulação (...) para conter as interferências hostis", disse Kalniete durante o seu discurso, onde criticou que estas empresas recolhem e analisam "enormes quantidades" de dados privados, mas "não temos informações sobre como o fazem".
O documento apresentado sugere soluções para melhorar a proteção contra interferências estrangeiras que utilizam plataformas digitais para as suas ações, através de "um quadro geral global e uma abordagem governamental a nível europeu".
Os representantes das plataformas digitais delinearam as suas estratégias para combater a desinformação e justificaram que a transparência dos dados e a sua utilização está garantida, embora concordem com a necessidade de controlar as interferências externas.
"É importante perceber que muitas operações são nacionais ou domésticas e que as campanhas de interferência vêm não só de certos estados, mas também de "spammers" para fins financeiros", avisou Nathaniel Gleicher, chefe da política de segurança do Facebook.
O diretor de políticas públicas da UE no Twitter, Stephen Turner, defendeu que a sua rede social tentou dar espaço para o debate, mas teve "muita pressão para remover conteúdos nocivos".
"A remoção de conteúdos não alcança o objetivo de educar as pessoas", argumentou, apelando ao mesmo tempo para "abordagens flexíveis" que permitam novas soluções alternativas aos comportamentos problemáticos.
Marco Pancini, diretor de assuntos governamentais e políticas públicas para a Europa no YouTube, defendeu as parcerias público-privadas como uma ferramenta para combater a desinformação.
"É importante assegurar que o tratamento legal não viole direitos fundamentais, tais como a liberdade de expressão ou de acesso à informação", acrescentou Pancini.
Sandra Kalniete e outros eurodeputados também sublinharam a necessidade de verificadores capazes de combater a desinformação em outras línguas para além do inglês.
A eurodeputada reconheceu que as plataformas também trazem "grandes benefícios", e que é necessário "não deixar que o lado escuro das plataformas as envenene".
Nicole Gouveia