A apresentar resultados para:
Ordem
Mais Recentes
Mais Recentes Mais Antigas
Data
Tudo
Na Última Hora Últimas 24 Horas Últimos 7 Dias Último Mês Último Ano Tudo Datas específicas

Unesco conclui: 62% dos ‘influencers’ publicam sem verificar conteúdos

epa11077117 People walk in front of a screen displaying artificial intelligence (AI) generated artwork by Turkish-American media artist Refik Anadol inside the Congress Center on the eve of the 54th annual meeting of the World Economic Forum (WEF) in Davos, Switzerland, 14 January 2024. The meeting brings together entrepreneurs, scientists, corporate and political leaders in Davos under the topic 'Rebuilding Trust' from 15 to 19 January.  EPA/LAURENT GILLIERON

Paris, 27 nov 2024 (Lusa) - Cerca de 62% dos criadores de conteúdos digitais não verificam sistematicamente a informação antes de a partilharem com o seu público, segundo um estudo divulgado pela Unesco que se centra nas práticas, desafios e deontologia dos influenciadores.

"A ausência de uma avaliação crítica rigorosa sublinha a necessidade urgente de reforçar as competências dos criadores para a literacia dos media e de informação, o que inclui a identificação e utilização de fontes fiáveis", destacam os autores do relatório, elaborado com a universidade norte-americana Bowling Green State e intitulado 'Behind the screens' ['Atrás dos ecrãs', em português].

Para elaborar este relatório, foram analisadas as ações de 500 criadores de conteúdos de 45 países e 8 regiões linguísticas diferentes através de um inquérito realizado entre agosto e setembro de 2024.

Estes dados foram depois completados com vinte entrevistas mais detalhadas, noticiou na terça-feira a agência Efe.

A maioria tem menos de 35 anos e têm contas com entre mil e dez mil seguidores nas redes, que é o limite para ser considerado um 'nanoinfluencer', uma categoria que representa 68% do setor.

A grande maioria (62% dos inquiridos) admitiu "não verificar a veracidade" da informação de forma sistemática e rigorosa "antes de a partilhar com os seus públicos", apesar da sua importância como principal fonte de análise e a atualidade para os seus seguidores estar a crescer exponencialmente.

Entre os fatores que utilizam para medir a credibilidade das mensagens, 41,6% confiam no conteúdo com base no número de 'gostos' ou reproduções. Cerca de um terço (33,5%) publicam mensagens provenientes de uma fonte ou criador em quem confiam, sem verificação extra.

A reputação na área de quem publica é o terceiro fator mais referido (19,4%) e a documentação e evidência utilizadas para suportar a informação é apenas o quarto (17%).

Relativamente às motivações dos 'influencers', partilhar o seu conhecimento com outras pessoas é a principal razão da sua atividade (26%), à frente de ganhar dinheiro (23,8%), entreter (23,4%) ou expressar as suas opiniões e emoções (13,8%).

O estudo centrou-se também no desconhecimento da regulamentação sobre o direito à informação e à liberdade de expressão, uma vez que "a maioria dos criadores de conteúdos digitais (59%) inquiridos desconhecia ou apenas tinha ouvido falar de quadros regulamentares e normas internacionais relativos à comunicação digital".

Os influenciadores têm também desafios importantes, como enfrentar o discurso de ódio - do qual 32% dos inquiridos se declararam vítimas - e dilemas éticos sobre temas diversos como os direitos de autor, os conteúdos patrocinados ou o abuso do sensacionalismo para favorecer a sua visibilidade, uma vez que a sua a atividade profissional depende dos algoritmos das plataformas.

A grande conclusão do estudo é que existe uma necessidade premente de formação e apoio aos criadores de conteúdos digitais, uma vez que a maioria não pertence a associações profissionais e carece de orientação.

"Os criadores de conteúdos digitais alcançaram uma posição importante no ecossistema da informação, envolvendo milhões de pessoas com notícias culturais, sociais ou políticas. Mas muitos enfrentam a desinformação e o discurso de ódio online e apelam a mais formação", referiu a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, citada no comunicado.

Como parte do mandato para a literacia mediática e informacional, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) lançou o primeiro curso global para formar estes novos comunicadores, juntamente com o Centro Knight.

 

Diogo Caldas