Unidade de literacia mediática da ERC vai tornar-se autónoma
Lisboa, 07 nov 2024 (Lusa) - A Entidade Reguladora para Comunicação Social (ERC) está neste momento num "processo de autonomização" da unidade de literacia mediática, que terá um papel transversal no regulador dos media, avança, em entrevista à Lusa, a presidente.
"A ERC vai apostar mais na literacia mediática", assevera Helena Sousa, no dia em que cumpre o primeiro ano à frente da entidade reguladora.
"Estamos precisamente num processo de autonomização da unidade de literacia mediática, que existe, mas estamos a autonomizá-la precisamente para ser mais transversal ao papel da ERC, porque ela neste momento faz parte de um departamento e, certamente, o trabalho que está a ser feito é já muito relevante, mas queremos transversalizar", explica.
A unidade de literacia mediática "tem que trabalhar com todos os departamentos, desde o departamento jurídico ao departamento da comunicação, aliás, com o qual já trabalha bastante, mas garantir que está em todos os departamentos da ERC", salienta Helena Sousa.
A presidente da ERC diz que a unidade estará operacional quando conseguirem “recrutar mais pessoas para essa nova unidade".
Com a autonomia desta unidade, a que acresce a novos desafios da ERC em termos regulação europeia, a ERC vai ter de reforçar o número de pessoas.
"Entendemos que precisamos, dentro de muito pouco tempo, de 100 pessoas", de acordo com o plano, afirma a presidente.
Neste momento, "temos 85, portanto, precisamos de 100 pessoas para conseguirmos implementar estas novas tarefas, que temos mesmo que cumprir, também por exigências europeias", explica.
Para Helena Sousa, a literacia mediática "não é apenas para crianças e jovens".
"Acho que já estamos muito longe dessa ideia, felizmente. A literacia mediática deve ocorrer ao longo da vida e deve desenvolver-se para os cidadãos e não só", defende.
De acordo com a presidente da ERC, "os próprios jornalistas também precisam de literacia, no sentido em que precisam de saber desmontar os processos e saber desmontar aquilo a que têm acesso".
As empresas "precisam de literacia, é absolutamente transversal, porque a literacia, no fundo, corresponde à capacidade de desmontar o real e ao empoderamento, à capacidade de agir sobre a realidade", argumenta.
Dessa perspetiva, "julgo que é absolutamente transversal, não só do ponto de vista etário, mas também do ponto de vista social".
Empresas, instituições, cidadãos, professores, "todas as camadas que compõem o social precisam e, naturalmente, devem ter um papel ativo nesse desenvolvimento", sendo que, "por um lado, devem e podem ser alvo de campanhas, se quisermos chamar-lhes deste modo, mas também têm que ser agentes", defende Helena Sousa.
A ideia de que "temos todos que colaborar no sentido de sermos capazes de compreender o mundo em que vivemos parece-me que é absolutamente central e é nessa lógica, nessa perspetiva holística, que eu vejo a literacia: é sermos capazes de compreender o mundo e agir sobre ele", conclui.
Alexandra Luís